Em 15 de fevereiro de 1971, Carlos Alberto Soares de Freitas, conhecido como Beto pelos amigos e Breno pelos companheiros de militância política, foi preso no Rio de Janeiro. Nunca mais foi visto. Ele era um dirigente da organização clandestina de esquerda VAR-Palmares. O Estado jamais prestou contas de seu desaparecimento e seu corpo até hoje não foi encontrado.
Pela força de sua liderança, Beto era capaz de atrair para a resistência política inúmeros jovens – entre eles a então secundarista de dezesseis anos Dilma Rousseff, atual presidente da República e uma das personagens dessa trama. Uma década após seu desaparecimento, descobriu-se que ele foi assassinado em uma casa em Petrópolis, onde presos políticos eram mantidos em cárcere privado, sendo torturados e quase sempre mortos.
A jornalista Cristina Chacel refaz essa trajetória, pesquisando em arquivos e costurando informações fragmentadas, de parentes e amigos. Com uma narrativa eletrizante, ela descreve em detalhes o ambiente da ditadura militar, que marcou o destino de mais de uma geração.
“... não posso deixar de ter uma lembrança especial para aqueles que não mais estão conosco. Para aqueles que caíram pelos nossos ideais. Eles fazem parte de minha história. Mais que isso: eles são parte da história do Brasil. ... Carlos Alberto Soares de Freitas, Beto, você ia adorar estar aqui conosco...”
Trecho do primeiro discurso de Dilma Rousseff
como candidata à Presidência da República, em fevereiro de 2010